terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Princesa - Maquiavel para mulheres.

Que mulher não se sentiu um dia intimidada diante de um interlocutor, um patrão, um superior, um adversário do sexo oposto? Que mulher não se sentiu levemente em desvantagem por sua sensibilidade extrema num mundo onde os "fracos não têm vez"? Ou mesmo não tentou adotar postura e comportamento ditos masculinos apenas como forma de ser mais respeitada num ambiente profissional?
A respeito dessa questão, a jornalista Harriett Rubin traz boas novas. Depois de estudar a história de algumas mulheres que tiveram poder ou destaque em determinada época, entre as quais Joana D’ Arc, Golda Meir, Anna Akhmatova, Billie Holiday e Jackie Kennedy, traçou uma estratégia que combina as táticas de amor e de guerra. Uma versão feminina de O Príncipe, de Maquiavel.
A Princesa – Maquiavel para mulheres - pretende pôr por terra algumas crenças que nos ensinaram sobre como nos impor e vencer no mundo dos homens. Ao investigar por que o sexo feminino tem dificuldade em alcançar o poder, a autora chega a uma conclusão não muito surpreendente: as mulheres vencem menos porque ninguém quer que elas vençam. Nem mesmo elas. Segundo Rubin, o obstáculo que impede muitas mulheres de conquistar seus objetivos é a tendência à auto-rejeição. Ou seja, no fundo, no fundo, elas lutam contra si mesmas. A simples idéia de vencer traz a sensação de culpa. Alguém aí colocou a carapuça?
A Princesa se divide em três partes: o Livro da Estratégia, o Livro das Táticas e o Livro das Armas Sutis, nas quais conhecemos mulheres guerreiras vitoriosas e outras nem tanto. Analisando seus erros e acertos, Harriet Rubin cria as estratégias e mandamentos que poderão levar a Princesa ao sucesso. Ou: como deve a mulher se comportar para vencer no universo dos homens? A mensagem principal é a seguinte: esqueça o modelo deles. Crie o seu. Assumindo regras criadas por homens, você apenas irá reforçá-las. "Joana D´Arc foi uma estrategista militar brilhante; mas foi também uma camponesa simples, de quem não se esperava muito; é nessa dupla natureza que surge seu poder". Tire vantagem do que você tem de melhor: sensibilidade, intuição, emoção. Use os princípios, não as leis. Não tente combater, mas superar. Não desafie o inimigo, torne-o um aliado. Não declare guerra. Ganhe pequenas batalhas. Prepare-se para ser ferida e, ainda assim, não ferir. Não exercite a vingança, pois ela só dá força ao adversário. Seja vulnerável. Seja aberta quando todos estão fechados. Fale a verdade,  pois, ensina Harriet, “as pessoas são demasiado fracas para resistir a ela.” Comporte-se como se soubesse que a autoridade não tem poder sobre você. E assim será.
Achou interessante? Então, que tal estas: nunca explore a repentina fraqueza do adversário. Mantenha a batalha restrita ao seu horizonte. Deixe seus erros mudarem você. Diga o que deseja – em vez de dar nome a seus ressentimentos ou mágoas. Esqueça a premissa que diz que não se pode ter poder e ser amorosa ao mesmo tempo. Lembre se que “amor é uma forma de poder”.
Prosseguindo a estratégia da Princesa, Rubin ensina: seja conciliadora. "A maioria das pessoas na verdade não quer brigar, elas querem triunfar". Os que entram mais em conflitos são os mais assustados. “Se você se converter em alvo de alguém, o mais provável é que ele esteja assustado com algo que você representa – um poder, um talento”. Parece com aquele chefe que você teve?
Analisando as táticas apresentadas no livro, cheguei a me perguntar se tais idéias não poderiam ser adotadas por qualquer ser humano, homem ou mulher. Falar a verdade, respeitar o outro, não exercer a vingança. São ideais nobres que deveriam ser seguidos por todos. Porém, não estamos tratando de comportamento certo ou errado, mas sim da natureza dos dois sexos. E natureza não se discute.
Sob a ótica de A Princesa, entendi que o homem -registra a História - nasceu para o poder. A mulher precisa lutar para alcançá-lo. O homem deve ser ou parecer forte o tempo todo. A mulher pode ter na fragilidade uma arma poderosa. Homens dificilmente são respeitados se chegam às lágrimas. Mulheres têm na lágrima, muitas vezes, um trunfo. Homens devem vencer a qualquer custo. Não se espera deles nada menos do que a vitória. A mulher, ao longo dos séculos, e ainda hoje, não se importa de conceder ao homem os louros da vitória. O homem é criado para ser lutador. A mulher, para conciliar.
Por isso as táticas de A Princesa são tão bem-vindas, elas ensinam as mulheres a vencerem com o que têm. Ao invés de lamentar o que não possuem. Estimula-as a exercerem seu poder, exigindo o que querem e merecem, usando o que já existe dentro delas.  Em suma, "a arte da Princesa consiste em equilibrar o terror de ser mulher com o fascínio de ser mulher”. Em determinado trecho do livro, a autora lembra: "os homens sempre tiveram medo do poder feminino". Em outro momento, questiona: "Existe alguém mais feroz que uma mulher, transformada em leoa, quando sente seus filhos ameaçados?" A resposta, todos nós sabemos.